Gente, eu juro que não invento essas coisas.
Sabe aquele dia que você está meio carente, o carinha que partiu seu coração na mesma balada que você, todas as suas amigas se ajeitando... Pois era essa a minha situação. Já me preparando para voltar para casa cabisbaixa, conformada que eu vou mesmo morrer solitária com 30 gatos, aparece aquele menino bonito de dar dó. E não é que ele é simpático também, tem um nome composto bem maluco (adoro nomes compostos bem malucos) e ficou me flertando muito eternamente? Conversinha aqui, abracinho ali, ele sugere irmos para outro lugar.
O taxi não aceita cartão, imagina, eu tenho dinheiro, sou uma mulher moderna, nada de mais. Eu bem feliz, achando tudo mágico. O gatinho diz que não tem nada aberto essa hora, vamos tomar um café na casa dele, que mal faz, não é mesmo? Um medinho tipo: minha mãe me disse para não aceitar doces de estranhos. Mas ele é tããão lindo. Vamos.
Chega lá, mais conversa, mais abraço, você é tão charmosa, você é tão bonita. E nada de beijo. Tudo bem, a conversa está ótima, vamos seguindo, ficando de madrugada, carinho no rosto, a hora passando. Proponho irmos dormir. Deitamos juntos. Mais carinho no rosto, no cabelo, abraços mil... Nada de beijo. Pergunto se tem algo errado, por que ele não quer ficar comigo? E ele: sabe o que é? Eu estou gostando tanto que ficar com você é um detalhe que pode estragar tudo. Eu não vou repetir, vocês podem reler essa frase por vocês mesmos. Foi exatamente isso que o gatinho me falou. Na cama dele. De madrugada. Passei o que restou da noite ofendida, humilhada, virada para o canto, esperando amanhecer. O príncipe encantado me abraçou de conchinha e dormiu lindamente.
Quando finalmente chega a manhã e eu estou calçando meu sapatinho para ir embora, naquele bom humor que só jesus, o gracinha vem e me dá um selinho. E desce me abraçando quando o taxi chega. Ainda diz que vai ligar e tenta dar um beijinho de despedida, olha que amor. Viro o rosto pra fingir que eu já ouvi falar de auto-estima e entro no carro. Digo o endereço, somente para escutar o adorável taxista perguntar se eu sou cearense, que ele me achou com um jeitinho assim.
Eu não estou brincando, a situação está periclitante. Se alguém conhecer uma receita contra dedo podre eu estou aceitando qualquer coisa: simpatia, banho de descarrego, oração do Padre Marcelo, macumbaria de qualquer tipo. Corrente solidária já! Sugestões e expressões de solidariedade são bem-vindas no: tamechamandodegorda@gmail.com.