quarta-feira, 10 de novembro de 2010

sobre o primeiro dia do ENEM.

Caso vocês não saibam, 4 milhões e 600 mil pessoas participaram da edição de 2010 do Exame Nacional do Ensino Médio. Conhecido por suas pérolas e por reunir jovens e adultos formandos e formados no ensino médio todos os anos, o ENEM deste ano teve um atributo especial. Além de tudo ter dado errado mais uma vez e de estar rolando uma vibe de "vamos anular essa prova", o concurso teve uma participante ilustre: eu.

Não é nenhuma novidade que eu tenha problemas com meu futuro acadêmico e que eu tenha desistido de mais um curso. Por isso fui obrigada a me inscrever no ENEM, já que tinha pretensões de entrar na UFMG (disse "tinha" porque acho que já mudei de idéia sobre o que quero fazer). Para começar a minha aventura, fui de ônibus, já que o meu local de provas é no centro da cidade e todo mundo sabe como é legal tentar estacionar o carro lá. Fui de barriga vazia e quando desci do ônibus dei de cara com um Habib's, fui tentando comer minha Bib'sfiha de queijo enquanto lutava com os transeuntes.

Uma tempestade começou a cair. Dessas que você está debaixo de uma marquise de mais de 6m de largura, debaixo da sombrinha, e fica molhado. Cheguei no prédio do Pitágoras depois de cinco quarteirões. Quatro ou cinco funcionários olhavam o comprovante de inscrição de TODO MUNDO pra dizer em que andar seria a prova. Me disseram que eu iria pro 12º. Do hall de entrada até dentro do elevador foram 6m e 15 minutos. Um empurra-empurra com aquele monte de gente mal vestida que eu pensei que tavam distribuindo cesta básica no fim do corredor. Chegando no 12º, descubro que devo ir pro 11º. Ok, sem problemas.

A minha sala, a 1105, tinha umas 40 pessoas: umas 10 Marias Claras, umas 10 Marias Elisas, umas 8 Marias Lúcias, umas 11 outras Marias e eu. Faltavam uns 20min pro horário oficial da prova e eu resolvi tirar um cochilo. 50 minutos depois eu escuto uma voz distante quase gritando: moça, moooooooooça, MOÇA! Era a aplicadora me acordando e as 39 Marias rindo. Eu acordei amassada e disse: nossa, dormi linda aqui. Depois de pestanejar, pescar, sofrer e morrer de tédio por duas horas e meia eu estava livre (não vou matar vocês de tédio falando sobre a prova em si, afinal, nem eu quero saber do que se tratavam aquelas 180 questões).

Ao sair do prédio, dessa vez sem fila no elevador, peguei cinco reais e coloquei no meu bolso. Não tenho o costume de andar de ônibus e decorei todos os alertas que minha mãe me dava quando criança sobre os perigos de depender do transporte público de Belo Horizonte. Eu que não abriria minha carteira lá dentro, vai que um ladrão em cima da árvore do lado de fora vê minha nota de R$10,00 e resolve me levar embora? Deus me louvre. 5 quarteirões depois, chegando no ponto, vejo meu ônibus descendo. Ok, é sábado e eu vou ter que esperar mais uns 40 minutos pelo próximo. Entrei, então, numa lanchonete e comprei uma ficha para uma coca e um pão de queijo. R$3,00. Dei o dinheiro, peguei a fichinha, vejo o meu ônibus descendo. Largo a ficha e saio correndo. Isso mesmo, fiquei sem meu lanche. Imagina esperar mais uns 80 minutos? Entrei no 9103 linda e ensopada, apesar de brava pelos três reais perdidos, mas aliviada e colocando a mão no bolso pra pegar os 5 que eu guardara pra esse momento e voilà: os cinco mangos tinham sumido.

No fim das contas eu: fiquei molhada como se não houvesse amanhã, perdi oito reais, fiquei sem a minha coca e pior, tive que abrir minha carteira lá dentro. Ninguém é obrigado a viver assim, né. Beijos.

Um comentário:

  1. Cris, acredite, tô aqui em pleno horário de trabalho e lendo o teu blog.
    Tô adorando!
    Vc escreve muito bem!
    Beijos com Gloss

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